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Mensagens

A mostrar mensagens de 2018

Onde está a minha alegria?

Aproximamo-nos da  celebração do Natal do Senhor, um tempo de grande festa e alegria. Nosso coração deve preparar-se para bem acolher o menino, e é exatamente isso o que a liturgia do Advento nos pede. Neste terceiro domingo do advento, somos convidados a meditar sobre duas perguntas fundamentais: onde está a nossa alegria? e: o que devo fazer? Somos convidados a manifestar a nossa alegria, pois Deus está conosco. Esta é a mensagem da primeira leitura, do livro de Sofonias. Se Deus está no meio do povo, não há o que temer, afirma o profeta. Deus enche-nos de júbilo e de alegria, pois nos renova com o seu amor. O texto que lemos de Sofonias é um trecho acrescentado no período do pós-exílio. Ao voltar da Babilónia, o povo estava muito feliz e sentia fortemente a presença de Deus no seu meio. Foi Deus quem os libertou e possibilitou o início de um novo tempo. O natal é também o símbolo de um recomeço, sinal de que Deus está no mundo, age no mundo, está entre nós, e quer construir

Interconectividade na migração

Vivendo em Roma nos últimos três anos, pude acompanhar de perto a dolorosa saga de milhares de imigrantes e refugiados, que chegam quase diariamente na Europa em busca de uma vida nova. Em geral fogem de guerras, de perseguições étnicas e religiosas, da pobreza extrema, da fome, do abandono humanitário, arriscando a própria vida numa viagem cheia de esperanças, mas com pouquíssimas garantias. Ao chegar na Europa – e o mesmo acontece em todas as outras realidades, como nos EUA ou no Brasil –, são hostilizados, repudiados, oprimidos, vítimas de muitos preconceitos e  fake news .  Um dos pontos de maior crítica surge ao fato de que, se são “refugiados”, não poderiam trazer consigo um smartphone, muitas vezes de última tecnologia. E aqui entramos no nosso tema. O que você pensaria ao ver um migrante com um iPhone na mão, por exemplo? Provavelmente a primeira reação seria afirmar que ele é um oportunista, que não precisa da mesma assistência ou caridade da maioria dos migrantes. Mas i

Superar a rotina!

Chegámos ao final de mais um ano. Muitas vezes, somos envolvidos pela rotina e nem vemos o tempo passa. Temos a sensação de que só coisas regulares ocorrem na nossa vida. Entretanto, tenho a certeza de que ao longo deste ano muitas coisas boas aconteceram e encheram a sua vida de sentido. Tantos aniversários, jubileus, festas, pessoas que conheceu ou encontrou. Talvez algum casamento na família, o nascimento de um bebé, um batismo ou uma primeira comunhão. Enfim, se fizermos um esforço de memória certamente recordaremos de imensos momentos fortes e felizes ao longo deste ano.  O mesmo sucede com a liturgia e a vivência da fé. Ao longo do Ano Litúrgico, por vezes temos a sensação de entrar em uma rotina, uma repetição de ritos e fórmulas. Muitas pessoas dizem que não vão com frequência à igreja porque é monótono, ou enfadonho. Uma coisa é certa, se a missa ou a oração é triste ou lhe aborrece, alguma coisa está errada... com a celebração ou no seu interior. Se não encontro senti

Celebrar a vida!

Novembro é um mês para celebrar a vida, recordando o testemunho deixado por todos os santos e os nossos entes queridos que já partiram para junto de Deus. Celebrar a vida é sobretudo renunciar à morte e à força do mal, como a violência e as guerras. Exatamente por isso  o Papa Francisco nos pede para rezar pela paz e pelo diálogo constante. Rezar “para que a linguagem do coração e do diálogo prevaleça sempre sobre a linguagem das armas”. Anualmente o Institute for Economics & Peace publica um relatório sobre o “Índice global da paz”. Entristece-nos enormemente constatar que, segundo  o relatório deste ano 2018 (que pode ser consultado no site www.economicsandpeace.org),  nos último 10 anos a violência e os mortos em guerras aumentaram 264% no mundo. Dos 163 países pesquisados, 92 pioraram os seus índices, mais da metade. A Síria, o Afeganistão, o Sudão do Sul, o Iraque e a Somália são os cinco países com maiores problemas de conflito armado.   Mesmo se aparentemente a Eur

Impulso missionário!

Neste mês das missões o Papa nos pede para rezar “ para que os consagrados e as consagradas despertem o seu fervor missionário e estejam presentes entre os pobres, os marginalizados e quantos não têm voz”.  O Papa Francisco desafia-nos constantemente a “sair”, a deixar o nosso comodismo e autorreferencialidade para ir ao encontro do outro, do próximo. Insiste para que construamos juntos uma “cultura do encontro”, rompendo as barreiras e destruindo os muros que separam as pessoas. Convida-nos a edificar pontes que eliminem as “fronteiras”. E de modo muito particular, pede para irmos às periferias, para estar com os “últimos” e sentir “o cheiro das ovelhas”. Este pedido é direcionado de modo ainda mais contundente ao clero e a todos os consagrados e consagradas, como na intenção de oração deste mês. Os religiosos e religiosas – os consagrados, nos seus diversos estilos de vida – são os primeiros que devem dar testemunho da beleza cristã, da alegria proporcionada pelo encontro com

Marta e Maria, paradigmas da comunicação

Uma ativa, a outra contemplativa. Uma discursiva, a outra dialógico-relacional. Uma verbal, a outra corporal. Uma racional, a outra emotiva. Uma técnica e mecânica, a outra espontânea e dinâmica. Uma linear e unidirecional, a outra circular e interativa. Uma metódica e sistemática, a outra simples e aberta. Uma hierárquica, a outra horizontal. Uma autorreferencial, a outra colaborativa... Pelo título acima, certamente você está pensando nas duas personagens evangélicas, grandes amigas de Jesus: Marta e Maria. Entretanto tenho em mente também duas formas de comunicar, dois paradigmas da comunicação, dois modelos diferentes, mas complementares, neste sentido exatamente como as irmãs de Betânia.  Marta pode ser identificada como protótipo da comunicação social, ou  massmedia , envolta em seu ativismo e na sua organização. Sempre em movimento, em busca de resultados, incapaz de fazer pausas ou silêncios. Como uma torneira sempre aberta, jorra o seu conteúdo independentemente do fato

Jornada da Palavra de Deus

A Bíblia é um grande tesouro. Uma das maiores riquezas que a Igreja possui. Não é um simples livro, mas uma dimensão do próprio Cristo, expressão concreta do Seu Evangelho, da Sua Palavra. É uma palavra viva, em contínua ação. Exatamente por isso afirmamos, como está bem expresso na exortação apostólica  Verbum domini , que o cristianismo não é uma religião do livro, mas é a religião da Palavra, do Verbo encarnado e vivente.  Abrir a Bíblia e percorrer os seus maravilhosos caminhos é para aquele que crê como atravessar pela porta que conduz ao mistério de Deus: das páginas do Antigo Testamento às do Novo Testamento descobrimos a identidade dos crentes e o local da manifestação de Deus. Cada vez que lemos a Bíblia, estamos dando forma e atualização ao anúncio de Cristo, por isso ela é central na nossa vida de fé.  Tradicionalmente o mês de Setembro é dedicado à Palavra de Deus. Para reforçar ainda mais esta celebração, o Papa Francisco, na sua carta apostólica  Misericordia et m

Meditação - XXIV domingo do Tempo Comum

Neste 24º domingo do tempo comum a liturgia da Palavra nos convida a meditar sobre a messianidade de Jesus. Um termo complexo, mas que o evangelista Marcos apresenta de modo muito preciso. O evangelho de Marcos foi o primeiro a ser escrito, cerca do ano 70. Foi a primeira catequese para os cristãos das comunidades primitivas. Todo o evangelho de Marcos é orientado pela pergunta: "Quem é Jesus?" No trecho que lemos neste domingo há a primeira resposta explícita. Em Cesareia de Filipe, perante as opiniões dos outros, Jesus incita os seus discípulos a pronunciarem-se: «E vós, quem dizeis que Eu sou?». Pedro é o porta-voz do grupo e diz: «Tu és o Messias», o Filho de Deus. Mas ainda não é a hora de que isso seja revelado, por isso Jesus manda Pedro se calar. O reconhecimento de Pedro marca uma mudança fundamental no evangelho de Marcos. Está exatamente ao meio do evangelho e divide a primeira da segunda parte. Até aqui o objetivo era fazer reconhecer Jesus como o Messias,

Ajudar os jovens!

Setembro, mês da Palavra, é também o mês em que o Papa nos confia a oração pelos jovens africanos: “ para que os jovens do continente africano tenham acesso à educação e ao trabalho no próprio país”, pede o Papa.  Durante os últimos meses, ou mesmo os últimos anos, a Europa está a ser o destino de uma grande onda de imigração, recebendo uma multidão de refugiados provenientes especialmente do continente africano. Não se pode negar que um movimento migratório como este traz consigo uma série de consequências, muitas delas negativas. A população que o recebe se sente invadida, tolhida dos seus direitos, da sua privacidade, da sua tranquilidade, do seu bem estar, etc. São tantas as críticas, os comentários negativos, os julgamentos. Também são imensas as  fake news envolvendo estes imigrantes que levam naturalmente ao preconceitos e em geral “aumentam” o problema e não ajudam a buscar soluções.  A intenção de oração que o Papa Francisco nos propõe este mês, além de nos colocar nes

A transfiguração necessária!

Agosto é tradicionalmente o mês de férias na Europa. Um tempo para descansar, viajar, passar com a família, voltar à terra natal e para realizar tantas outras coisas interessantes que nos fazem bem e nos deixam felizes. Neste clima de descontração e serenidade, agosto é também um tempo ideal para rezarmos com mais tranquilidade, sem pressa, sem atropelos. É um tempo ideal para meditarmos a Palavra de Deus e seguirmos a Liturgia com mais profundidade. Neste mês temos também uma festa muito significativa: a Transfiguração do Senhor. Se vivermos bem esta festa, aprenderemos muito sobre quem é Jesus e sobre o modo como O devemos seguir. Se a meditarmos com profundidade, compreendermos muito melhor a nossa natureza humana e o projeto que Deus tem para nós. Os três Evangelho chamados sinópticos narram a Transfiguração do Senhor e na liturgia meditamos um deles em cada ano. Gosto especialmente da narração de Marcos, lida no ano B (Mc 9,2-10). Recordemos que Marcos tem um objetivo muit

Meditação - XVIII domingo do Tempo Comum

Neste décimo oitavo domingo do tempo comum somos convidados a refletir sobre a providência divina, sobre como Deus garante o nosso sustento. A primeira leitura recorda-nos um momento importante da passagem do povo de Israel pelo deserto, após ser libertado do Egito. No deserto, o povo sente fome e começa a murmurar contra Moisés e contra Deus. Reclamavam dizendo que no Egito eram escravos, mas tinham o que comer. Pensavam portanto apenas no alimento material, no pão, e não no alimento espiritual, o pão da vida. Por sentir fome foram tentados na sua fé, colocaram à prova a confiança em Deus, enfraqueceram. Deus, no entanto, garante o sustento do seu povo em todos os aspectos, e por isso dá também o alimento material. Como entoamos no Salmo deste domingo: “O Senhor deu-lhes o pão do céu”. Com isso Deus queria mais uma vez mostrar que está ao lado do seu povo e é fiel, coisa que o povo não conseguiu ser. Ao dar o maná no deserto, Deus mostra ao seu povo que é preciso abandonar a v

Família, tesouro da humanidade!

Neste mês em que a Igreja se prepara para celebrar o Encontro mundial das famílias, o Papa nos convida a rezar “para que as grandes escolhas económicas e políticas protejam as famílias como um tesouro da humanidade”.  A iniciativa, que teve início em 1994 por uma vontade expressa do Papa João Paulo II durante o chamado Ano da Família, promulgado simultaneamente pelas Nações Unidas e pelo Vaticano, acontece este ano a Dublin, Irlanda, de 22 a 26 deste mês de agosto. O tema escolhido para esta IX edição do Encontro mundial é “O Evangelho da Família: alegria para o mundo”, com base na Exortação Apostólica pós-sinodal  Amoris Laetitia  (AL). Todas as informações sobre o encontro, que contará inclusive com a presença do Papa Francisco, estão disponíveis no site: www.worldmeeting2018.ie. Ao anunciar o evento, em março do ano passado, o Papa propôs uma questão para a reflexão de todos: “o Evangelho continua a ser alegria para o mundo? E mais ainda: a família continua a ser uma boa not

Meditação - XVI domingo Tempo Comum

Um dos temas abordados na liturgia deste domingo é a liderança, ou melhor, as diferentes formas de conduzir o povo, mostrando as contradições entre os líderes humanos e a liderança de Jesus.  Logo na primeira leitura temos um trecho da profecia de Jeremias, profundo e significativo. Ali o profeta usa uma imagem bastante comum na bíblia, o pastor , para mostrar como os líderes traidores conduzem mau o povo, o rebanho.  “Ai dos pastores que perdem e dispersam as ovelhas” diz o profeta, em clara referência aos reis de Israel que permitiram a invasão de Nabucodonosor. A invasão ocorreu em 597 a.C., dando origem ao exílio na Babilônia. A deportação dos judeus para a Babilônia é vista pelo profeta Jeremias como um castigo pela má administração da justiça e do direito por parte principalmente do rei Joaquim. Os judeus foram dispersados e divididos por culpa de um mau pastor.   Diante de tal situação, a esperança do povo é a promessa feita por Deus de enviar um pastor bom e justo, que

A força que vem da comunidade!

Neste mês de julho o Papa Francisco nos convida a rezar pelos sacerdotes, de modo especial “ para que os sacerdotes que vivem com dificuldade e na solidão o seu trabalho pastoral se sintam ajudados e confortados pela amizade com o Senhor e com os irmãos”. Este tema não é certamente escolhido ao acaso. É cada vez mais frequente o número de sacerdotes que sofrem de patologias psíquicas como o stress, a depressão, o alcoolismo, a síndrome de bournout, etc. Todos recordarão da grande repercussão que teve há alguns meses o caso de três suicídios de padres ligados exatamente à síndrome de bournout, termo que vem do inglês e significa “combustão completa”. Esta palavra passou a ser usada a partir dos anos 1970 para definir o esgotamento que acometia um grupo específico de profissionais especialmente dedicados ao cuidado de outras pessoas, como, por exemplo, médicos, enfermeiros, bombeiros, sacerdotes... A princípio parece-nos estranho que alguém com uma preparação tão profunda como

Meditação - XIII tempo comum

A liturgia da palavra do décimo terceiro domingo do tempo comum convida-nos a refletir sobre a vida e a morte, ou melhor, sobre o sentido da vida e a esperança da ressurreição que vence a morte. O livro da sabedoria diz-nos que Deus criou o ser humano para a vida, para o bem e para a justiça. Criou-o à sua imagem e semelhança. Quer portanto a vida para todos. Pelo pecado, fruto da força do mal, no entanto, a morte entrou no mundo, como força poderosa e ameaçadora. Como superar então este dilema entre a vida e a morte? Por Jesus Cristo. Com a sua ressurreição, Jesus Cristo venceu a morte. Por ele somos salvos e também nós vencemos a morte, ganhamos a vida eterna. A morte passa a ser apenas uma passagem, pois somos destinados para a vida e não para a morte.  Interessante notar, porém, que o livro da sabedoria diz que a imortalidade é para aqueles que não se deixam levar pelo demônio, mas são conduzidos por Deus e praticam a justiça. A justiça é expressa de muitos modos, como po

Lançar-se às redes!

Neste mês o Papa nos convida a rezar “p ara que as redes sociais favoreçam a solidariedade e o respeito pelo outro na sua diferença”. Logo no início do seu ministério na Galileia, Jesus chama alguns pescadores para serem seus discípulos. Dirigindo-se a Simão Pedro, diz: “Faz-te ao largo e lançai as redes para a pesca” (Lc 5,4). Todos nós conhecemos muito bem este texto, utilizado em diversos contextos como a pastoral vocacional, as missões, o empenho concreto nas comunidades, etc. Hoje, entretanto, poderíamos fazer uma releitura desta frase, atualizando-a da seguinte forma: “Faz-te ao largo e  lança-te às redes  para a pesca”. Se quisermos evangelizar com sucesso, hoje, devemos nos lançar às redes, devemos mergulhar no ambiente dominante da sociedade contemporânea, que é o mundo virtual, principalmente a Internet e as redes sociais. Não é por acaso que o Papa nos propõe este tema como objeto de oração durante este mês. Calcula-se que cerca de 1/3 da população mundial (2,5 bilhõ