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A transfiguração necessária!

Agosto é tradicionalmente o mês de férias na Europa. Um tempo para descansar, viajar, passar com a família, voltar à terra natal e para realizar tantas outras coisas interessantes que nos fazem bem e nos deixam felizes. Neste clima de descontração e serenidade, agosto é também um tempo ideal para rezarmos com mais tranquilidade, sem pressa, sem atropelos. É um tempo ideal para meditarmos a Palavra de Deus e seguirmos a Liturgia com mais profundidade.
Neste mês temos também uma festa muito significativa: a Transfiguração do Senhor. Se vivermos bem esta festa, aprenderemos muito sobre quem é Jesus e sobre o modo como O devemos seguir. Se a meditarmos com profundidade, compreendermos muito melhor a nossa natureza humana e o projeto que Deus tem para nós.
Os três Evangelho chamados sinópticos narram a Transfiguração do Senhor e na liturgia meditamos um deles em cada ano. Gosto especialmente da narração de Marcos, lida no ano B (Mc 9,2-10). Recordemos que Marcos tem um objetivo muito específico: mostrar quem é Jesus. Seu evangelho é dividido em duas partes, emolduradas por três momentos significativos que simbolizam a evolução do reconhecimento de Jesus como o Messias, o Filho de Deus. O primeiro encontra-se na cena do batismo, onde a voz do alto (Deus) dirige-se unicamente a Jesus: “Tu és o meu Filho amado” (Mc 1,11). O texto da Transfiguração encontra-se no início da segunda parte do evangelho, precedendo o primeiro anúncio da Paixão. Ele é bastante significativo porque introduz uma mudança de perspectiva, o segundo grande momento. É um novo passo na revelação da natureza divina de Jesus. A voz de Deus agora dirige-se também aos discípulos: “Este é o meu Filho amado. Escutai o que Ele diz” (Mc 9,7). O terceiro momento é o reconhecimento universal da divindade de Jesus pela boca do oficial do exército: “De facto, este homem é mesmo o Filho de Deus” (Mc 15,39).
Na Transfiguração, que significa transformação, está antecipada a Ressurreição de Jesus. Cristo revela-se na Sua glória e natureza divina. É uma verdadeira teofania (manifestação de Deus), a exemplo das teofanias ocorridas no Antigo Testamento. O fato de subir a montanha significa ir ao encontro de Deus. É na montanha que Ele se manifesta, assim como manifestou-se a Abraão, a Moisés, a Elias. Subir a montanha é despojar-se e ir ao encontro do desconhecido, mas esperado.
A intenção deste acontecimento é instruir os discípulos, mostrar-lhes o verdadeiro sentido da entrega na cruz. É uma forma de mostrar qual o plano divino e motivar os discípulos no seguimento, num momento em que estavam tristes e decepcionados por não compreenderem o sofrimento e a injustiça contra Cristo. Estavam demasiadamente apegados à visão tradicional do Messias. Jesus renova as esperanças messiânicas dos discípulos mostrando que no final triunfará e resgatará a humanidade, mas este processo exige dor e sofrimento. Moisés (representante da Lei e da aliança) e Elias (profetas) são testemunhas de que as promessas se cumpriram. 
Nós também seremos testemunhas se fizermos o caminho com Cristo. Neste sentido a Transfiguração de Cristo conduz à nossa transfiguração, pois antecipa a nossa ressurreição e nos conduz a uma transformação pessoal. Ela mostra a presença de Deus em nossa vida e o projeto que Ele traçou para nós: participar na Sua glória. A exigência para fazermos este caminho é revelada pela voz de Deus: “Escutai o que Ele diz”. O discipulado começa pela escuta de Jesus, pois Ele é “o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,6) e “tem palavras de vida eterna” (Jo 6,68). 
Ao recebermos este convite é impossível não reagirmos. Hoje temos necessidade de fazer silêncio para escutar Deus, para escutar as palavras de Jesus através do Seu Evangelho. Estamos envolvidos por ruídos que nos atrapalham e desconcentram, que não nos deixam refletir a Palavra e extrair dela toda a sua riqueza. Por isso é preciso criarmos momentos para inverter esta situação, meditar com paciência a Palavra e deixar Deus agir em nós (transfigurar-nos).

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