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Meditação - XXIV domingo do Tempo Comum

Neste 24º domingo do tempo comum a liturgia da Palavra nos convida a meditar sobre a messianidade de Jesus. Um termo complexo, mas que o evangelista Marcos apresenta de modo muito preciso.
O evangelho de Marcos foi o primeiro a ser escrito, cerca do ano 70. Foi a primeira catequese para os cristãos das comunidades primitivas. Todo o evangelho de Marcos é orientado pela pergunta: "Quem é Jesus?" No trecho que lemos neste domingo há a primeira resposta explícita. Em Cesareia de Filipe, perante as opiniões dos outros, Jesus incita os seus discípulos a pronunciarem-se: «E vós, quem dizeis que Eu sou?». Pedro é o porta-voz do grupo e diz: «Tu és o Messias», o Filho de Deus. Mas ainda não é a hora de que isso seja revelado, por isso Jesus manda Pedro se calar.
O reconhecimento de Pedro marca uma mudança fundamental no evangelho de Marcos. Está exatamente ao meio do evangelho e divide a primeira da segunda parte. Até aqui o objetivo era fazer reconhecer Jesus como o Messias, através dos sinais. De agora em diante o objetivo é explicar que tipo de Messias é Jesus. Por isso manda Pedro se calar e não revelar isso a ninguém. O povo deve reconhecer por si só. Até aqui achavam que ele era um simples profeta: «Uns dizem que é João Baptista; outros, Elias; e outros, um dos profetas», nos diz o texto. Nesta segunda parte do evangelho vemos o caminho da cruz, a caminhada para Jerusalém, onde Jesus enfrentará a sociedade que gera a opressão e morte. O verdadeiro Messias não é um político, como o povo poderia esperar, mas sim aquele que enfrenta e vence a estrutura de morte. Recordemos que Messias é um conceito judaico que significa “o rei descendente de Davi”, que virá para restaurar o reino de Israel e trazer a paz ao mundo. 
Jesus mostra que o Messias é aquele que dá a vida pelo povo, pois sabe que Deus fará justiça. É aquele que procura com a sua vida transformar a sociedade injusta e corrompida. Jesus enfrenta os anciãos, que são os donos do dinheiro; os sumo sacerdotes, que são os donos do poder; e os doutores da lei, que se dizem donos da verdade.
O messianismo de Jesus é marcado pelo sofrimento, pela perseguição, pela morte e pela ressurreição. O Messias é o servo sofredor apontado pelo profeta Isaías na primeira leitura. Ele aceita e suporta todo o sofrimento porque é fortalecido por Deus. Suporta toda a humilhação porque tem em Deus o seu auxílio e fortaleza. 
Tudo isso será muito mais evidente no momento da sua paixão, morte e ressurreição, cuja memória e profissão de fé fazemos ao celebrar a Eucaristia. Na comunhão eucarística recordamos a ação libertadora de Cristo e assumimos o compromisso de atualizá-la em obras concretas, como nos recorda Tiago. Este é também um importante ensinamento da liturgia deste domingo: a fé verdadeira implica em ações concretas. É impossível ter fé se não temos obras. As ações são importantes e indicam o nosso comprometimento com a Palavra de Deus e com o seguimento de Cristo. 
Acompanhando a segunda parte do evangelho de Marcos os discípulos vão descobrindo a forma de ser cristão. Igualmente lendo este evangelho descobrimos como ser discípulos de Cristo hoje. No próprio evangelho de hoje temos as principais orientações: o verdadeiro discípulo é aquele que renuncia a si mesmo, isto é, que renuncia às suas ambições pessoais e se entrega totalmente nas mãos de Deus; é aquele que toma a cruz, que aceita a missão e a dor, o cansaço e o sofrimento que ela pode causar; e por fim é aquele que segue Jesus, que o imita, que vive o seu evangelho. 
Que durante esta semana todos pensemos muito em como o Messias age na nossa vida, chamando-nos a assumir as nossas cruzes e a segui-lo.

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