Setembro, mês da Palavra, é também o mês em que o Papa nos confia a oração pelos jovens africanos: “para que os jovens do continente africano tenham acesso à educação e ao trabalho no próprio país”, pede o Papa.
Durante os últimos meses, ou mesmo os últimos anos, a Europa está a ser o destino de uma grande onda de imigração, recebendo uma multidão de refugiados provenientes especialmente do continente africano. Não se pode negar que um movimento migratório como este traz consigo uma série de consequências, muitas delas negativas. A população que o recebe se sente invadida, tolhida dos seus direitos, da sua privacidade, da sua tranquilidade, do seu bem estar, etc. São tantas as críticas, os comentários negativos, os julgamentos. Também são imensas as fake newsenvolvendo estes imigrantes que levam naturalmente ao preconceitos e em geral “aumentam” o problema e não ajudam a buscar soluções.
A intenção de oração que o Papa Francisco nos propõe este mês, além de nos colocar nesta atitude de humildade diante de Deus, pedindo-Lhe que conceda educação e trabalho a milhares de jovens, nos faz questionar o que está na origem do problema da onda de imigração atual. Faz-nos questionar por que um jovem deve deixar a sua terra natal, a sua família, os seus amigos, a sua cultura, as coisas de que gosta e as pessoas que conhece para se aventurar no desconhecido? Por que um jovem é levado a arriscar a própria vida em uma viagem perigosa, atravessando todo o Mediterrâneo em uma pequena barca; ou a pagar mafiosos e traficantes para que o ajudem a chegar em uma terra hostil, que o desprezará, olhará com preconceito e julgará cada uma de suas ações? Por quê...?
São tantos os “por quês” que aqui podem ser colocados. Mas o Papa nos ajuda a meditar, dando um caminho de resposta: uma das razões pelas quais estes jovens devem “migrar” é porque eles não têm acesso a direitos humanos básicos como a educação e o trabalho, elementos fundamentais que dão dignidade e valor ao ser humano. Vivem em geral em situação de miséria, de fome, de ameaça das guerras, de perseguição por pertencer a minorias. Vivem assustados e com medo. Vivem sem esperança. A possibilidade de encontrar na Europa um trabalho ou uma formação mínima que lhes garanta uma vida melhor é o propulsor para enfrentarem os perigos da viagem.
Favorecer para que estes jovens tenham acesso a educação e trabalho “no próprio país”, como o Papa nos propõe, é uma das soluções mais apropriadas. Neste sentido, a Igreja Católica é um exemplo, pois é certamente a instituição a nível mundial que mais trabalha com projetos em África, é a que mais se dedica a iniciativas que geram trabalho ou formam escolas para crianças e jovens africanos. São inúmeros os exemplos. Provavelmente você já ouviu falar de algum projeto interessante, ou até mesmo já contribuiu através de um donativo ou participou diretamente em alguma iniciativa deste gênero. Mas ainda há muito por ser feito.
O Papa tem denunciado constantemente os abusos do mercado capitalista que explora os recursos naturais africanos sem compensar-lhes devidamente. Denuncia o tráfico de pessoas, o desmatamento, a mineração abusiva, o tráfico de armas, e tantos outros problemas que conduzem à miséria na África e normalmente geram conflitos e guerras. Aponta muitas vezes como a Europa se lamenta das consequências da imigração, mas ela própria gera muitos dos problemas dos quais os jovens africanos fogem.
Durante este mês, estejamos em sintonia com o Papa Francisco. Procure conhecer um pouco mais sobre os migrantes que chegaram ao nosso país, à nossa cidade. Busque conhecer projetos ou associações católicas que realizam trabalhos em prol dos jovens africanos. Ao menos durante este mês de setembro, dedique um tempo diário para esta intenção, para rezar pelos jovens africanos e para tentar ajudar de alguma maneira, no que for possível, mesmo que seja para simplesmente diminuir o preconceito e aumentar a acolhida. Esta será também uma boa forma de nos prepararmos para viver com os bispos o próximo Sínodo sobre os “jovens e o discernimento vocacional”.
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