Neste mês em que a Igreja se prepara para celebrar o Encontro mundial das famílias, o Papa nos convida a rezar “para que as grandes escolhas económicas e políticas protejam as famílias como um tesouro da humanidade”.
A iniciativa, que teve início em 1994 por uma vontade expressa do Papa João Paulo II durante o chamado Ano da Família, promulgado simultaneamente pelas Nações Unidas e pelo Vaticano, acontece este ano a Dublin, Irlanda, de 22 a 26 deste mês de agosto. O tema escolhido para esta IX edição do Encontro mundial é “O Evangelho da Família: alegria para o mundo”, com base na Exortação Apostólica pós-sinodal Amoris Laetitia (AL). Todas as informações sobre o encontro, que contará inclusive com a presença do Papa Francisco, estão disponíveis no site: www.worldmeeting2018.ie.
Ao anunciar o evento, em março do ano passado, o Papa propôs uma questão para a reflexão de todos: “o Evangelho continua a ser alegria para o mundo? E mais ainda: a família continua a ser uma boa notícia para o mundo de hoje?” Para nós cristãos a resposta deve ser imediata: sim, o Evangelho continua a ser alegria para o mundo, como vemos confirmado pela Exortação apostólica Evangelii gaudium. E sim, a família continua a ser uma boa notícia para o mundo, um núcleo social essencial e necessário, como vemos expresso na Exortação Amoris laetitia.
A família é sem sombra de dúvidas “um tesouro da humanidade”, que precisa entretanto ser cuidado, protegido, defendido contra os constantes ataques que recebe da sociedade neoliberal, agnóstica e secular. Exatamente por esta intenção o Papa nos convida a refletir e rezar durante este mês. As escolhas políticas e económicas não podem pôr em risco a família. Ao contrário, devem protegê-la e valorizá-la, na certeza de que “o bem da família é decisivo para o futuro do mundo e da Igreja” (AL, n. 31).
Há muito que se fala de uma “crise da família”. De facto, a realização de um Sínodo dos bispos para tratar exatamente sobre a vocação e a missão da família, em 2014, seguido da publicação de uma Exortação apostólica é sinal de que a Igreja se preocupa muito com a tal “crise da família” e quer dar respostas a esta questão pois retém que a família é fundamental, é dom de Deus, é igreja doméstica, a primeira e fundamental «escola de humanidade» (cf. GS, 52), como tem constantemente ressaltado.
A família em si não está em perigo ou risco de desaparecer, mas a sua forma tradicional e possivelmente uma série de valores e princípios a ela relacionada de fato estão em risco. São muitos os jovens que continuam a se casar, entretanto a grande maioria divorcia-se e volta a casar. Gays e lésbicas lutam pelo direito de se casarem legalmente em todo o mundo. Aumentou também o número de crianças a viver apenas com um dos pais, a fertilização in vitro, etc. São tantas questões que questionam o modelo tradicional de família, mas é certo que a Igreja tem um papel fundamental nesta “reconfiguração”, uma vez que este é também o seu núcleo base. A família sempre foi uma prioridade na Igreja e a sua experiência e sensibilidade neste campo podem contribuir muito para evitar as más consequências desta crise de valores.
Que o encontro mundial em Dublin seja um momento propício para se reforçar o valor e a importância da família. Seja um espaço que discuta e pressione as autoridades e Governos a garantir, também jurídica e legalmente, que “as escolhas económicas e políticas” não afetem este bem fundamental da sociedade que é a família. Reflitamos, discutamos e rezemos com Papa nesta intenção ao longo deste mês.
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