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Mensagens

A mostrar mensagens de 2021

Um nós cada vez maior

Na sua mensagem para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado deste ano (celebrado mundialmente no dia 26 de setembro), o Papa Francisco propõe a reflexão sobre o tema «Rumo a um nós cada vez maior», em extrema sintonia com a sua encíclica   Fratelli tutti .   Para ajudar-nos a aprofundar o tema, o Papa sugere ainda a meditação do texto bíblico extraído do livro do Apocalipse 21,1-7, parte das “visões” em vista da apresentação de um mundo novo, diferente. Nesse mundo se realiza em plenitude a aliança entre Deus e a humanidade libertada por Cristo. A nova Jerusalém é o símbolo que revela o novo céu e a nova terra, livre de dominação, de sofrimento, de dor, de violência. Simboliza a presença eterna de Deus no meio da humanidade: Deus habitará conosco, montará a sua tenda de modo definitivo entre nós. E nós seremos o seu povo. Um nós cada vez maior e mais unido. A Jerusalém celeste é portanto o símbolo da comunhão definitiva do povo com o seu Deus. A imagem da tenda ou morada é muito sign

Necessidade de uma conversão ecológica

Em outubro passado, através de uma vídeo-mensagem enviada aos participantes do “Countdown”, evento TED mundial sobre mudanças climáticas, o Papa Francisco dizia: “ Estamos vivendo um momento histórico marcado por desafios difíceis. O mundo está abalado devido à crise causada pela pandemia de Covid-19, o que evidencia ainda mais outro desafio global: a crise socioambiental. Isto coloca-nos, todos, diante da necessidade de uma escolha. A escolha entre o que é importante e o que não é. A escolha entre continuar a ignorar o sofrimento dos mais pobres e a maltratar a nossa casa comum, a Terra, ou comprometer-nos a todos os níveis a fim de transformar o nosso modo de agir.” Um ano passou e continuamos a enfrentar momentos difíceis, o que nos leva a refletir ainda mais intensamente sobre a temática enfatizada pelo Papa, ou seja, que  a crise sanitária está plenamente associada à crise socioambiental . Se não passarmos a cuidar da Casa comum, através de uma “conversão ecológica”, não conseguir

Pela Igreja e a sua renovação

Neste mês de agosto o Papa coloca a “Igreja” no centro da sua intenção de oração, dando ênfase a um tema delicado mas essencial: a reforma da Igreja à luz da evangelização. Mais especificamente, pede orações “pela Igreja, para que receba do Espírito Santo a graça e a força de se reformar à luz do Evangelho”. O tema não é novo. Praticamente desde o início do seu pontificado Francisco colocou a reforma da Igreja como uma de suas prioridades. Na introdução da exortação apostólica  Evangelii gaudium  – na qual propõe algumas diretrizes que possam encorajar e orientar, em toda a Igreja, uma nova etapa evangelizadora, cheia de ardor e dinamismo –, o Papa assim escreve: “ decidi, entre outros temas, de me deter amplamente sobre as seguintes questões: a) a reforma da Igreja em saída missionária; b) as tentações dos agentes pastorais; c) a Igreja vista como a totalidade do povo de Deus que evangeliza; d) a homilia e a sua preparação; e) a inclusão social dos pobres; f) a paz e o diálogo social;

Artesãos da paz

No seu vídeo do mês de julho, o Papa Francisco lança um desafio a todos nós cristãos: que sejamos arquitetos da paz, promotores do diálogo e da unidade. Que sejamos artesãos da amizade social, indo ao encontro especialmente dos mais vulneráveis. Mais especificamente, o Papa pede para r ezarmos “para que, nas situações de conflitos sociais, econômicos e políticos, sejamos artífices corajosos e apaixonados do diálogo e da amizade”.  Essa intenção de oração do mês retoma a proposta de fraternidade e amizade social explicitada na encíclica  Fratelli tutti  e recorda elementos de diversos pronunciamentos nos quais o Pontífice destaca a imagem do artesão, ou artífice. É uma imagem muito bonita e significativa, pois exprime bem a visão e metodologia de trabalho a serem concretizadas para alcançar a comunhão e a paz. O artesão é aquele pequeno produtor que exercita a sua arte com paciência, cansaço, cuidado e constância, mas também com particular maestria. O artesão se empenha e se envolve pro

A beleza do matrimônio

“Apesar dos numerosos sinais de crise no matrimônio, o desejo de família permanece vivo, especialmente entre os jovens, e isso incentiva a Igreja.” Assim o Papa Francisco inicia a sua encíclica pós-sinodal sobre a alegria do amor na família, intitulada  Amoris laetitia.  Neste mês de junho, o Papa nos convida exatamente a rezar pela realidade da família, mais especificamente “pelos jovens que se preparam para o matrimônio com o apoio de uma comunidade cristã, para que cresçam no amor, com generosidade, fidelidade e paciência”. Somos convidados a rezar e refletir sobre a  beleza do matrimônio, que resiste e se mostra sempre mais significativo numa sociedade individualista, competitiva, estéril, líquida.  As famílias são mais do que nunca as provedoras da segurança psicológica e do bem-estar material. Isso é muito evidente durante o período de pandemia que enfrentamos. A família se tornou o porto seguro de praticamente todas as pessoas. Foi na família que encontramos apoio financeiro, su

A economia de Francisco

A economia global é uma preocupação constante no magistério do Papa Francisco. A esse tema dedicou diversos discursos, duas encíclicas e um grande projeto chamado “The economy of Francesco” (A economia de Francisco). Neste mesmo itinerário se insere também a sua intenção de oração do mês de maio: “Rezemos para que os responsáveis das finanças colaborem com os governos para regulamentar a esfera financeira e proteger os cidadãos dos seus perigos.” Foi há exatos dois anos que o Papa enviou aos jovens do mundo todo uma carta convidando empreendedores, empresário, ativistas e estudantes com menos de 35 anos a se unirem por uma causa muito particular: mudar a economia para salvar o planeta! Assim escrevia o Papa, no dia 1 de maio de 2019: “Convido cada um de vós a ser protagonista de um pacto, assumindo compromisso individual e coletivo para cultivarmos juntos o sinal de um novo humanismo que corresponda às expectativas do ser humano e ao desígnio de Deus.” O pacto a que se refere é o de bu

“Ir e ver”: método de comunicação autêntica

  “ O convite a «ir e ver», que acompanha os primeiros e comovedores encontros de Jesus com os discípulos, é também o método de toda a comunicação humana autêntica .” Assim de modo contundente o Papa Francisco inicia a sua mensagem para o Dia Mundial das Comunicações deste ano 2021, na qual faz apelo explícito a uma comunicação “transparente e honesta”, tanto nos grandes meios como nas paróquias e nas redes sociais. O Papa exorta todos os cristãos – particularmente os comunicadores – a “ ir ver, estar com as pessoas, ouvi-las, recolher as sugestões da realidade ”, refletindo de modo muito claro nesse convite o seu modelo de Igreja em saída.  Por um lado Francisco denuncia a superficialidade de um jornalismo “ctrl C - ctrl V” (cópia e cola). Por outro, nos provoca a sermos comunicadores autênticos, dando-nos para tal um método muito concreto: “ir e ver”. Referindo-se sobretudo aos jornalistas, o Papa fala de uma “crise editorial” que tem suas raízes na autorreferencialidade, na incapaci

Fé e direitos fundamentais

Quando falamos de governos totalitários, falta de democracia, ditadura ou autoritarismo, diversas imagens vêm à nossa mente. O fascismo e o nazismo ocupam certamente um posto central, pela crueldade que promoveram. Do mesmo modo o comunismo no Leste Europeu que também fez milhares de vítimas, realidade denunciada e combatida pelo Papa João Paulo II. O grande problema é que os governos autoritários não são coisas do passado: ainda continuam espalhados pelos cinco continentes. Exatamente por isso o Papa Francisco nos convida a rezar durante este mês “ por aqueles que arriscam a vida lutando pelos direitos fundamentais nas ditaduras, nos regimes autoritários e também nas democracias em crise ”. A intenção de oração do Papa procura valorizar e reafirmar os direitos humanos fundamentais. Uma ditadura condiciona não apenas a democracia, mas tantos outros direitos, como a liberdade de expressão, liberdade de ir e vir, liberdade política e ideológica, liberdade religiosa e assim por diante. Se

Reconciliação e misericórdia

Estamos em plena Quaresma, tempo muito significativo para a comunidade cristã. Tempo no qual somos convidados a intensificar o silêncio, o jejum, a abstinência, a oração, a meditação da Palavra. Tempo de preparação, de reflexão, propício para acompanharmos a vida de Cristo e toda a sua trajetória de doação e amor. Tempo, também, no qual somos exortados a valorizar de modo especial o sacramento da reconciliação. Esse é o desafio que o Papa Francisco nos faz através da sua intenção de oração para o mês de março: “para que vivamos o sacramento da Reconciliação com uma profundidade renovada, para saborear a infinita misericórdia de Deus”. É muito interessante analisar detalhadamente o pedido do Papa, iniciando pela relação que ele faz entre esse Sacramento e a misericórdia de Deus. É comum hoje ouvir pessoas dizerem que não se confessam porque não precisam de um intermediário, neste caso o sacerdote confessor, para fazer o seu exame de consciência e pedir perdão a Deus. Muitos defendem que

Contra a violência

Neste mês de fevereiro, quando iniciamos o caminho quaresmal – marcado pela penitência, realização constante de jejuns, conversão e preparação dos catecúmenos para o batismo – o Papa Francisco nos convida a refletir e ter presente nas nossas orações um tema muito delicado: a violência contra as mulheres. Mais especificamente, a sua intenção de oração pede para que “rezemos pelas mulheres vítimas de violência, para que sejam protegidas pela sociedade e os seus sofrimentos sejam considerados e escutados”. A sensibilidade do Papa pelos mais frágeis e necessitados é visível em todas suas ações e mensagens. São constantes as suas denúncias contra realidades e contextos de opressão e exploração, e mais frequentes ainda são suas iniciativas em favor dos excluídos. A intenção de oração do mês se insere nesse itinerário de Francisco de recordar e rezar pelas categorias que vivem a Quaresma o ano inteiro, que conhecem de perto a dor, mas poucas vezes são tocadas pela alegria da ressurreição.  Um

4º domingo do Tempo comum

A liturgia deste domingo nos apresenta um ensinamento muito interessante e atual: a liberdade necessária para vivermos bem e em harmonia e que esta liberdade nos é dada por Deus. Na primeira leitura, tirada do livro do Deuteronômio, temos uma descrição de como deve ser o verdadeiro profeta. Esse texto faz parte do chamado “código deuteronômico”, que apresenta o projeto de uma nova sociedade. Após tratar das leis e função do rei (dimensão política) e dos levitas (dimensão religiosa), o deuteronômio expõe a função do profeta. Em Israel o profeta não é uma espécie de mago, a serviço do rei, como era comum nas sociedades daquela época. O profeta prometido por Deus não está submetido nem ao poder político, nem ao religioso. Está comprometido com o povo e com a construção da nova sociedade, como verdadeiro representante de Deus.  A nova sociedade surge apenas quando todos são livres. A liberdade é essencial, é geradora de vida nova. Isso é o que vemos simbolicamente expresso no evangelho des

Permanecei no meu amor!

Mais um ano inicia, enchendo-nos de alegrias e expectativas. Na liturgia ainda ressoa o anúncio dos anjos que cantaram a beleza da Natividade – “Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que o será para todo o povo: Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor!” (Lc 2,10-11) –, proclamando assim a Encarnação do Verbo, “vindo ao mundo para iluminar todos os seres humanos” (cf. Jo 1,9), momento fundamental na história da Salvação. Que durante todo o ano continuemos a louvar a Deus dizendo juntos com o coro celeste: “Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por ele amados” (Lc 2,14). Um momento muito forte de louvor acontece já entres os dias 18 e 25, quando o Vaticano e diversos países celebram a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, este ano com o tema: “Permanecei no meu amor e produzireis muitos frutos” (cf. Jo 15,5-9). A essa semana está ligada a intenção de oração do Papa Francisco para janeiro: “ Rezemos para que