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Artesãos da paz

No seu vídeo do mês de julho, o Papa Francisco lança um desafio a todos nós cristãos: que sejamos arquitetos da paz, promotores do diálogo e da unidade. Que sejamos artesãos da amizade social, indo ao encontro especialmente dos mais vulneráveis. Mais especificamente, o Papa pede para rezarmos “para que, nas situações de conflitos sociais, econômicos e políticos, sejamos artífices corajosos e apaixonados do diálogo e da amizade”. 

Essa intenção de oração do mês retoma a proposta de fraternidade e amizade social explicitada na encíclica Fratelli tutti e recorda elementos de diversos pronunciamentos nos quais o Pontífice destaca a imagem do artesão, ou artífice. É uma imagem muito bonita e significativa, pois exprime bem a visão e metodologia de trabalho a serem concretizadas para alcançar a comunhão e a paz. O artesão é aquele pequeno produtor que exercita a sua arte com paciência, cansaço, cuidado e constância, mas também com particular maestria. O artesão se empenha e se envolve profundamente na sua criação, ele dá vida a algo. É um trabalho feito de pequenos e grandes gestos, a cada dia, em cada situação, em cada pequeno detalhe.

São José, cujo ano jubilar estamos celebrando, é um exemplo inspirador de artesão, não apenas como carpinteiro, mas também como artífice do diálogo e da amizade. Atento a cada pequena ação e detalhe, São José fez tudo o que era possível e necessário para cuidar de Jesus e Maria, para proteger a sua esposa amada e o Filho de Deus. São José se torna modelo também neste mês, pois foi um exímio mediador de conflitos, sabendo escutar a vontade de Deus que se manifestava em seus sonhos e também decidindo com sabedoria nas horas de incerteza e medo, diante das situações de conflito como na perseguição de Herodes.

Hoje cada um de nós é convidado a ser “artífice corajoso e apaixonado do diálogo e da amizade”. No próprio contexto, na própria realidade na qual vive, cada cristão é exortado a ser um mediador da paz e da fraternidade. “Dia após dia, o Espírito Santo sugere-nos atitudes e palavras para nos tornarmos artesãos de justiça e de paz” recordava o Papa na sua mensagem para o Dia mundial da Paz de 2020. Para tal, devemos estar abertos ao Espírito Santo, atentos ao que Deus nos fala e nos propõe nas diversas situações. 

Na sua encíclica Fratelli tutti, Francisco usa uma outra imagem que complementa e ao mesmo tempo exemplifica o que significa ser artífice do diálogo e da amizade, artesão da paz e do amor: é a figura do “bom samaritano”. Para ilustrar e cadenciar toda a sua reflexão sobre a fraternidade e a amizade social, o Papa recorre à parábola do samaritano (Lc 10,25-37). No segundo capítulo da encíclica, o Papa dedica uma especial reflexão sobre o texto bíblico e cada uma das personagens da parábola – salteadores, sacerdote, levita, homem ferido, samaritano (estrangeiro) –, convidando-nos a participar daquela cena de grande diálogo e solidariedade, de verdadeiro amor desinteressado. 

Ao mesmo tempo em que nos apresenta o bom samaritano como artífice do diálogo e da amizade, o Papa nos convida a imitá-lo. Assim afirma: “Esta parábola é um ícone iluminador, capaz de manifestar a opção fundamental que precisamos de tomar para reconstruir este mundo que nos está a peito. Diante de tanta dor, à vista de tantas feridas, a única via de saída é ser como o bom samaritano. Qualquer outra opção deixa-nos ou com os salteadores ou com os que passam ao largo, sem se compadecer com o sofrimento do ferido na estrada. A parábola mostra-nos as iniciativas com que se pode refazer uma comunidade a partir de homens e mulheres que assumem como própria a fragilidade dos outros, não deixam constituir-se uma sociedade de exclusão, mas fazem-se próximos, levantam e reabilitam o caído, para que o bem seja comum. Ao mesmo tempo, a parábola adverte-nos sobre certas atitudes de pessoas que só olham para si mesmas e não atendem às exigências evidentes da realidade humana.” (n. 67)

Inspirados pela parábola do bom samaritano e iluminados pelo Espírito Santo, que ao longo do mês cada um de nós possa contribuir para melhorar situações de conflitos, iniciando dentro das nossas famílias e estendendo a nossa ação a todas as realidades às quais participamos. Como verdadeiros artesãos da paz, procuremos novas formas de encontro e diálogo que promovam a fraternidade e a amizade social.









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