Estamos às portas da semana
mais importante do ano litúrgico, na qual fazemos memória do mistério pascal, a
essência da nossa fé: a paixão, morte e ressurreição de Jesus. É por isso
fundamental que vivamos intensamente esta semana, participando ativamente das
diversas celebrações, muito ricas em símbolos e significados.
Na liturgia do domingo de ramos já somos iniciados
neste mistério pascal, meditando sobre a entrada de Jesus em Jerusalém e a sua
Paixão. Na primeira leitura deste domingo lemos um texto de Isaías que recorda
como este profeta foi um instrumento de Deus para apoiar e confortar o povo,
que naquele momento vivia em exílio na Babilónia. Isaías é como que um
discípulo que ouve atentamente o mestre e depois transmite ao povo a mensagem.
Por obediência a esta missão, que se renova e intensifica a cada dia, o profeta
enfrenta dificuldades e suporta muitos sofrimentos. Tudo na certeza de que Deus
o guia, acompanha e protege constantemente.
Esta leitura antecipa em certo sentido o que Cristo
fará. Jesus é Deus, mas, como recorda Paulo aos filipenses, fez-se homem,
tornou-se servo, humilhou-se ao assumir a condição humana e aceitou o
sacrifício na cruz por amor. A cruz revelou a sua condição divina, na cruz o
seu nome foi exaltado e diante da cruz todos os joelhos se dobram. A morte é
afinal a vida verdadeira. A cruz, sinal de vitória e de vida. Eis o centro da
celebração deste domingo de Ramos.
E como estamos no ano B, o evangelho que meditamos
é segundo Marcos, tido como o primeiro evangelho, o mais original. No excerto
que lemos enfim é revelada a resposta à pergunta que acompanhou e orientou todo
o evangelho de Marcos: “Quem é Jesus?” Ele é o messias, o filho de Deus, o
nosso irmão.
A mesma questão se repete hoje: para nós, quem é
Jesus?
Somos capazes de dar a mesma resposta que o
centurião romano?
Ao longo do evangelho de Marcos, o próprio Jesus
evitou que os discípulos e as pessoas com quem encontrava dissessem quem ele é,
a fim de evitar respostas provenientes do entusiasmo momentâneo, sem
discernimento. Respostas que seriam parciais e dificilmente expressariam a
totalidade da sua pessoa e missão. Só após fazer a experiência e percorrer um
caminho com Jesus somos capazes de dizer quem ele é.
O evangelho de Marcos ajuda-nos, pois é exatamente
um itinerário de descoberta de Jesus, uma catequese. Só o verdadeiro discípulo,
ao chegar ao fim deste percurso, é capaz de reconhecer quem é Jesus, o que Ele
representa e onde ele está agora.
Então repete-se a pergunta a cada um de nós: quem é
Jesus para mim? Consigo de facto reconhecê-lo como o Filho de Deus, como
messias? Ou para mim é apenas um filósofo revolucionário ou um místico com uma
mensagem bonita? Será que preciso retomar o itinerário de descoberta para
reconhecer quem ele realmente é?
Quem é Jesus? Responder com sinceridade e
profundidade a esta pergunta seria um ótimo propósito para esta semana santa
que iniciamos.
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