A liturgia da Palavra deste trigésimo segundo domingo do tempo comum destaca o
tema da vigilância. Diversas vezes ouvimos na sagrada escritura o tema da
espera vigilante: não sabemos nem o dia nem a hora que Cristo voltará! No
evangelho deste domingo o evangelista Mateus apresenta uma pequena parábola
para nos ajudar a reflectir sobre o assunto: há dez virgens a espera do noivo
para poder entrar no banquete, cinco são prudentes e cinco são imprudentes. O
que significa isso?
Recordemos que este trecho do
evangelho está inserido no chamado discurso escatológico, o quinto e último dos
grandes discursos apresentados por Mateus. Os textos dos próximos domingos
também tratarão do mesmo tema, enfatizando os talentos e o juízo final. Esta
parte do evangelho trata da nova vinda de Cristo, que era esperada pelos primeiros
cristãos para breve. Após a ascensão, todos esperavam a
vinda gloriosa e a instauração do reino no mundo. Como esta volta de Cristo
demorava, os cristãos começavam a preocupar-se. Daí as palavras de Mateus:
vigiai, pois não sabeis o dia nem a hora.
Há diversos símbolos na
parábola das dez virgens. O noivo é o próprio Cristo. O banquete ao qual vão
participar é o reino. As virgens representam os cristãos e as nossas
comunidades. Significa que a vigilância é uma acção pessoal mas também
comunitária. Pela parábola vemos dois grupos de cristãos: os que se preparam,
que se envolvem na espera pelo noivo, e os que não se mostram muito
interessado. Estes até querem participar do banquete, mas não demonstram a
preparação necessária.
A lamparina pode simbolizar
várias coisas, mas creio que a principal é a nossa fé. O ânimo com que vivemos a fé, o vigor que demonstramos, tudo
isso está ligado à lamparina. Para mantermos a nossa lamparina acesa,
precisamos de óleo, ou seja, para mater viva a nossa fé, precisamos participar
da eucaristia, precisamos de momentos de oração, precisamos fazer o bem,
precisamos trazer Deus no nosso coração. Quando temos Deus no coração, nossa
luz nunca se apaga. Estaremos sempre preparados para acolher o reino e a nova
vinda de Cristo.
A principal questão que surge
da liturgia deste domingo é esta: o que fazemos para alimentar a nossa fé? Ou
seja, como nos preparamos para acolher o reino? A primeira leitura nos dá uma
boa dica. Ser prudente é ser sábio, e a sabedoria se manifesta somente aos que
a procuram, aos que a amam. O tema da prudência associado aos sábios é bastante
comum no antigo testamento, pois é a sabedoria que ilumina a nossa vida. Se nos
abrirmos à sabedoria, que no fundo é o próprio Deus, teremos uma vida mais
iluminada e prudente, teremos uma vida mais bela e cheia de vigor.
O melhor caminho para
mantermo-nos alertas e vigilantes é não nos afastarmos de Deus. É procurarmos
Deus em todas as coisas que fazemos, em todas as pessoas com as quais
convivemos, em todos os momentos do nosso dia-a-dia. Ser prudente é cantar como
o salmista: “Senhor, sois o meu Deus: desde a aurora Vos procuro. A minha alma
tem sede de vós.” Quando procuramos Cristo, transformamos nossa vida numa
entrega vigilante. Se estamos no caminho de Deus, todas as coisas acabam por
surgir naturalmente em nossa vida e quando o noivo chegar estaremos prontos
para com ele entrar no Reino.
Comentários