Dezembro
chegou, mais um ano termina e mais um natal se aproxima. Com ele toda a rotina
de preparação, festa, cumprimentos, enfeites, músicas tradicionais por toda a
parte, todo mundo pensando em comidas e presentes... enfim, mais um ciclo que
volta a se repetir. Mas será só isso? Porque esta época é assim tão repetitiva e
tão mística ao mesmo tempo? Porque celebrar todos os anos a mesma festa, reunir
as mesmas pessoas, comer os mesmos doces típicos, dar os mesmos presentes?
Mais
do que uma repetição, cada Natal é uma nova oportunidade. É-nos oferecida uma
nova chace de recomeçar, de “nascer” de novo, juntamente com o Menino Jesus.
Temos a possibilidade de avaliar o nosso ano que passou e projetar coisas
diferentes. Corrigir o que não foi bom, mudar o que for preciso e aprofundar o
que nos trouxe alegria.
A
liturgia nos ajuda neste sentido, dando-nos a oportunidade de nos prepararmos
para o Natal ao longo das quatro semanas do Advento. É um percurso de
purificação, se preferirmos, à semelhança da Quaresma. Os textos propostos para
a nossa meditação ajudam-nos a mergulhar no mistério da Encarnação, fazendo-nos
ver e compreender como Deus se fez Homem para dar um novo significado à
Humanidade. Como Deus veio ao encontro da Sua criatura a fim de que cada ser
humano pudesse se aproximar d’Ele e nunca mais se separar da Sua Graça
infinita.
Natal é de
fato este tempo mágico. Não de rotinas, de festas e de trocas de presentes, mas
acima de tudo de encontros e descobertas. Um tempo de renovação e de
fortalecimento de laços. Daqueles laços que nos unem a Deus, através da
Encarnação do Menino em Belém, que fazemos memória na liturgia; e também
daqueles laços que nos unem a tantos outros seres humanos de um modo especial:
aos nossos familiares, amigos, vizinhos, colegas do trabalho ou de estudo, pessoas
que ao longo do ano nos marcaram e “quebraram” a nossa rotina.
Natal é o
tempo de valorizar estas pessoas, de “celebrá-las”, de fortalecer os laços que
nos unem a elas, de tomar consciência do bem que elas nos fazem e o quanto são
importante para nós. As festas e presentes deveriam servir exatamente para
dizermos o quanto nos amamos e nos queremos bem, para confirmarmos o valor que
cada um tem na nossa vida, dos mais próximos aos mais distantes. Não deve ser
jamais uma formalidade, uma rotina, uma “obrigação de família”.
A beleza do
Natal está na sua simplicidade, espontaneidade e naturalidade, como em Belém.
Maria e José perambulavam sem encontrar um local para passar a noite. Passaram
de porta em porta até encontrar um pequeno espaço onde repousar. Ali Maria deu
à luz o Menino, em meio a animais e pastores, no silêncio da noite. Sem festas,
sem banquetes, sem enfeites. Mas nada disso foi um problema, pois sabiam que
tinham consigo o essencial: Jesus, a alegria e o amor do próprio Deus
Encarnado.
Que neste
Natal que se aproxima cada um de nós saiba aproveitar ao máximo esta nova
oportunidade que Deus nos dá de viver intensamente o momento central da
Encarnação. Que cada um de nós tenha humildade para fazer um exame sério de
consciência sobre o ano que passou, com seus momentos de dor e de alegria, de
sofrimentos e realizações. Mas que cada um tenha também a coragem de fazer algo
de diferente, de sair da rotina, de arriscar algo diferente. De celebrar o
Natal não como uma repetição de ritos e obrigações, mas verdadeiramente como
uma “festa cristã”, de alegria, de renovação, de memória, de esperança, de retorno
ao essencial.
Que neste
mês de dezembro cada um de nós possa viver verdadeiramente o espírito de Natal
que tantas canções entoam e que toda a liturgia nos apresenta paulatinamente,
até atingirmos o auge no dia 25.
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