Com o primeiro domingo do
advento, que agora celebramos, a Igreja inicia um novo ano litúrgico e de modo
mais imediato entramos num tempo de grande alegria e expectativa em preparação
para o Natal, para acolher o menino Deus que vem ao mundo.
Advento significa literalmente presença, ou chegada.
É a celebração da presença de Deus no mundo, ou a chegada do Filho de Deus
feito homem. É o reconhecimento de que Deus está presente no mundo, está
presente em nós e na nossa vida quotidiana, e que não nos abandona em momento
algum.
É esta confiança e alegria que a
liturgia dos próximos quatro domingos celebra. Iniciamos o nosso percurso de
advento com a leitura de Isaías, que reconhece a ação de Deus no mundo, de forma
contínua e decisiva. O profeta reconhece também Deus como “nosso Pai” e “nosso
redentor”, títulos que ficarão muito claros após a encarnação de Deus em Jesus
Cristo, alguns séculos depois do tempo de Isaías. Há ainda uma bela imagem que
nos ajuda a compreender esta ação de Deus no mundo. Isaías diz que nós somos
como o barro na mão do oleiro, que é Deus. Uma bela metáfora que mostra como
Deus age em nós, nos dá forma. Mostra como Deus nos criou e como nos vai
moldando aos poucos, até nos tornar belos, úteis e valiosos, como um jarro
feito pelo oleiro.
Isaías pede também uma nova vinda de
Deus, que ele “rasgue o céu e estremeça os montes”. É exatamente isso o que
acontece no natal que se aproxima. Fazemos memória do dia em que Deus rasgou os
céus e veio ao mundo em forma humana, encarnado.
A cada natal recordamos este momento
histórico, mas também celebramos a presença viva de Deus no meio de nós, ao
mesmo tempo em que esperamos a vinda definitiva de Jesus, na chamada parusia. Ao escrever aos coríntios, o
apóstolo Paulo saúda a comunidade e dá graças a Deus por ela viver efusivamente
o evangelho e por ser testemunha de Cristo. Ou seja, Paulo dá graças porque
Cristo continua a viver entre os membros da comunidade, mostrando sempre o
caminho a seguir. Os cristãos de Corinto esperam agora a manifestação
definitiva de Deus, quando Cristo voltará glorioso e novamente rasgará o céu e
fará estremecer as montanhas.
No advento preparamos também esta
segunda vinda de Cristo, definitiva, no último dia. Não sabemos quando será
esta nova vinda, por isso devemos estar sempre vigilantes, preparados, prontos.
Devemos viver como Jesus nos ensinou no seu evangelho, assim estaremos
preparados quando “chegar o momento”, como diz Marcos.
Nós somos os empregados mencionados no
evangelho, que Deus convoca, através do batismo, para a sua messe. Que ele não
nos encontre dormindo quando voltar. Entretanto, muitas vezes estamos dormindo sem nem mesmo notar. Dormimos quando não vemos a necessidade dos
irmãos, quando não acolhemos o próximo, quando não damos atenção aos nossos
familiares, quando não somos fiéis à nossa fé e aos nossos ideais, quando
causamos problemas ou preocupações aos que nos amam etc, etc.
Precisamos estar sempre vigilantes,
sempre atentos, sempre a caminho. Pense no seu modo de viver e de agir. Sente
que há momentos em que poderia estar mais desperto? É a esta vigilância que a
liturgia deste domingo nos convida, a fim de estarmos sempre preparados para
bem acolher Cristo, seja menino no presépio, seja presença no irmão, seja o
Cristo glorioso na parusia.
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