Avançar para o conteúdo principal

Pe. Tiago Alberione, homem de comunicação



Neste 26 de novembro a Família Paulina recorda os 50 anos do dies natalis do seu Fundador, o bem-aventurado Tiago Alberione, grande apóstolo e profeta da comunicação. Vale a pena conhecer um pouco mais desta grande figura que está em processo de canonização.

 

No dia 28 de junho de 1969, o Papa Paulo VI concedeu ao Pe. Tiago Alberione a cruz “Pro Ecclesia et Pontifice”, declarando que ele “deu à Igreja novos instrumentos para se expressar, novos meios para dar força e amplitude ao seu apostolado, nova capacidade e nova consciência da validade e possibilidade de sua missão no mundo moderno e com os meios modernos”. O reconhecimento de Paulo VI expressava o agradecimento de toda a Igreja pela obra de evangelização do Fundador da Família Paulina, que pouco depois seria chamado ao Céu, em 26 de novembro de 1971.

De fato, o bem-aventurado Tiago Alberione deu à Igreja o impulso fundamental para que ela abraçasse os meios de comunicação social como obra de apostolado e de evangelização. Ele antecipou em mais de meio século o que o Concílio Vaticano II acolheu, através do decreto Inter Mirifica, como instrumentos eficazes para “elevar e enriquecer o espírito, e também para difundir e consolidar o Reino de Deus” (IM n. 2). Alberione contribuiu de forma decisiva para a mudança de mentalidade da Igreja, promovendo não só novos meios, mas também novas linguagens, novos métodos, novas estratégias de evangelização, que seriam aprovadas, enaltecidas e estabelecidas pelo Vaticano II como dever para toda a Igreja.

Esta “obra monumental”, para usar a expressão do próprio Paulo VI, nasceu precisamente em Alba, no ano de 1914, com um pequeno grupo de jovens. Chegou no Brasil em 1931 e no Rio Grande do Sul (em Caxias do Sul) no ano 1949. Já nas suas origens, porém, tinha objetivos muito específicos, que respondiam a uma necessidade pastoral expressa deste modo pelo Pe. Alberione: “O mundo precisa de uma nova, longa e profunda evangelização. O trabalho é imenso. São necessários meios proporcionais e almas estimuladas pela fé. O meio adequado não pode fornecê-lo senão a imprensa, e apóstolos zelosos não os pode dar senão a juventude” (UCBS, 20 de agosto de 1926). Iniciava assim o “apostolado das edições”, uma nova forma de evangelização, pregação e pastoral. Não se tratava simplesmente de mais uma iniciativa de boa imprensa, mas de uma nova forma de pregação a ser concretizada através da “escrita”, que tem a mesma dignidade e valor que a “pregação oral”.

Para um nativo digital de 2021, parece óbvio dizer que a comunicação não é simplesmente instrumento, mas uma verdadeira cultura e ambiente de vida. Há 100 anos, porém, a consciência era muito diferente e não foram poucos os desafios a serem superados. O mundo passava por um período de grande transformações, particularmente quente ideologicamente e rico em inovações técnicas. Era também um período de contradições, no qual as dioceses eram solicitadas a ter seus próprios jornais e ao mesmo tempo os católicos, inclusive os clérigos, eram proibidos de ter acesso a determinadas leituras e algumas formas de comunicação.

Pe. Alberione responde criativamente aos sinais dos tempos e convoca um “exército de escritores” para realizar a sua intuição carismática: “Como a pregação oral, também a pregação escrita ou impressa difunde a Palavra de Deus, multiplicando-a para fazê-la chegar, precisamente, em toda parte, até lá onde a palavra não pode chegar” (dos Atos da causa de beatificação).

O sacerdote Alberione, homem de Deus, torna-se assim “homem de comunicação”: tipógrafo, escritor, publicitário, editor, locutor, diretor, ator, mestre, artista... Alberione deu início a editoras (PAULUS, que tem livraria em Porto Alegre e Caxias do Sul), periódicos (23 no total, incluindo a Vida Pastoral, fundada em 1913, e a Família Cristã em 1931), produtora cinematográfica, gravadoras, emissoras de rádio e TV, inúmeras livrarias e outras iniciativas hoje presentes em 65 países. A sistematização de seu projeto de “nova evangelização” é descrita no manual Apostolado da imprensa (1933), marco teológico e espiritual para realizar a ação apostólica com os meios “mais rápidos e eficazes”. Em pouco tempo esse manual passou a se chamar Apostolado da edição (1944) e finalmente Apostolado das edições (1950), abraçando assim todos os meios de comunicação.

O conceito de “editor” é de fato fundamental para compreender a obra de Pe. Alberione e as inovações que ele introduziu na Igreja. Sua visão vai além da concepção da comunicação instrumental e escrita para acolher todas as formas de comunicação: técnica, social, multimedial, mas também a comunicação entendida como diálogo, relação, comunhão com Deus e com os outros, até chegar hoje ao digital. O próprio Alberione explica-nos esse conceito: “Com o termo ‘edição’, não entendemos apenas um livro: nos referimos a outras coisas. A palavra edição tem muitas aplicações: edição do periódico, edição daqueles que preparam o roteiro para o filme, que preparam o programa para a televisão, que preparam material para se comunicar por meio do rádio. “Nobis edidit Salvatorem”, diz a liturgia. A Virgem Maria nos deu o Salvador. Usa o verbo “edidit”. A edição inclui o conceito artístico, o estudo para produzir um objeto que seja ao mesmo tempo litúrgico e artístico. Também abrange o trabalho das irmãs que se preparam para fazer o catecismo às crianças e depois realmente, na caridade, o explicam.” (Pregações, 1957).

Editar, do latim “edere/edit”, significa “dar à luz”, transformar ou dar vida a algo. Comunicador ou “editor católico” é desse modo aquele que oferece o Evangelho em novas formas e linguagens, que traduz o seu encontro com Cristo em palavras, textos, imagens, sons, vídeos, bytes e iniciativas onde todas as linguagens estão a serviço da inculturação do Evangelho com e na comunicação. É aquele que, a exemplo de Maria, dá o Salvador ao mundo. Para o Pe. Alberione e todos os seus filhos e filhas, a comunicação, inclusive a digital, não é uma profissão, mas coincide com o ambiente de testemunho do Evangelho. Assim podemos compreender melhor a fecundidade do bem-aventurado Alberione, que além da Pia Sociedade de São Paulo fundou 4 congregações femininas, 4 institutos de vida secular e uma associação de leigos: 10 ramos que brotam de um tronco comum, aquele da comunicação, e que são alimentados pela Palavra e pela Eucaristia; 10 cordas que ecoam em harmonia para anunciar o Evangelho; 10 diferentes expressões do único projeto de “viver e dar ao mundo Jesus Mestre Caminho, Verdade e Vida, na cultura da comunicação”.

A herança deixada pelo Pe. Alberione, que se torna o coração do carisma Paulino, é o compromisso de traduzir a experiência pessoal e comunitária de Cristo em um livro, um artigo para um jornal ou revista, em um programa de rádio ou televisão, em uma live ou publicação nas redes sociais, em música, imagem ou vídeo; mas também na criação artística e na liturgia – expressão mais profunda da comunicação – ou nas relações pessoais e nas atividades da vida quotidiana e paroquial.

Nos 50 anos da morte do bem-aventurado Alberione, é bom recordar o seu exemplo de dedicação a Cristo e à evangelização. É uma forma de reafirmar a importância da presença e do empenho da Igreja no fenômeno cada vez mais amplo e complexo da comunicação, que hoje se torna um ambiente híbrido e existencial. Partindo do exemplo do Pe. Alberione e de são Paulo – que sempre o inspirou –, também nós somos convidados a ser instrumentos de evangelização para comunicar o Evangelho hoje através de todos os meios e em todas as circunstâncias, com entusiasmo, criatividade, profissionalismo, compromisso e autenticidade.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Dinamismo della santità

La santità è la nostra vocazione principale (come battezzati), è l'essenza della vita cristiana. Essere cristiano vuol dire essere chiamato alla santità. Di questo ci ricorda Gesù che dice ai discepoli: " Siate voi dunque perfetti come è perfetto il Padre vostro celeste " (Mt 5,48); e Paolo che scrive: "Scrivo a tutti voi che siete a Roma e che siete amati da Dio e chiamati alla santità" (Rm 1,7) e "[Cristo] ci ha salvati e ci ha chiamati con una vocazione santa" (2 Timoteo 1,9 - cfr 1Ts 3,13; 4,7; 1Cor 1,2). Nel corso della storia abbiamo molti esempi di santità. Uomini e donne che hanno vissuto questa vocazione cristiana alla perfezione, che hanno vissuto in profondità il Vangelo. Erano persone normali come ognuno di noi, ma hanno vinto tutti i suoi limiti per servire Dio e rispondere alla chiamata alla santità. Come ricorda bene il generale nella sua lettera, “la santità non è lontana dalla vita delle persone comuni”. Ritornando alla questi

Do descarte ao acolhimento

  No seu vídeo do mês de setembro, o Papa Francisco apresenta e questiona algumas contradições do nosso tempo, convidando-nos a rezar pelos “ invisíveis ” da sociedade.  O Papa chama a atenção de todos nós para um problema histórico, mas que tem se agravado na sociedade contemporânea:  a indiferença . Ao mesmo tempo em que o ambiente digital e as novas formas de comunicação, sobretudo as redes sociais, permitem uma superexposição de pessoas e situações, por outro lado essas mesmas redes excluem tudo o que considera “desagradável”, feio, pouco atrativo. Tratam com indiferença um grupo muito grande de pessoas, por não serem “comercialmente interessantes”. No seu vídeo do mês, o Papa indica categorias de pessoas que se tornaram invisíveis por questão de pobreza, dependência, doença mental ou deficiência, mas se pensarmos bem existem tantas outras pessoas excluídas dos perfis digitais maquiados e inflados por diversos estratagemas comerciais a fim de atrair e cativar. Superexposição, de um

32º domingo comum - 9 novembro

Bem-vindos ao meditar a palavra do trigésimo segundo domingo do tempo comum, dia em que a liturgia destaca o tema da vigilância. Diversas vezes ouvimos na sagrada escritura o tema da espera vigilante: não sabemos nem o dia nem a hora que Cristo voltará. No evangelho deste domingo o evangelista Mateus apresenta uma pequena parábola para nos ajudar a reflectir sobre o assunto: há dez virgens a espera do noivo para poder entrar no banquete, cinco são prudentes e cinco são imprudentes. O que significa isso? Recordemos que este trecho do evangelho está inserido no chamado discurso escatológico, o quinto e último dos grandes discursos apresentados por Mateus. Os textos dos próximos domingos também tratarão do mesmo tema, a enfatizar os talentos e o juízo final. Esta parte do evangelho trata da nova vinda de Cristo, que era esperada pelos primeiros cristãos para breve, eminente, próxima. Após a ascensão, todos esperavam a vinda gloriosa e a instauração do reino no mundo. Como esta volta de Cr