Celebramos nesta semana o Pentecostes, que marca o fim do ciclo pascal. 50 dias após a ressurreição de Cristo, recordamos a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos e renovamos o nosso sacramento do crisma, no qual confirmamos os dons do Espírito Santo na nossa vida. A liturgia do Pentecostes recorda também os dons que o Espírito derramou e continua a derramar constantemente sobre a Igreja.
Logo na primeira leitura, do livro dos Atos dos Apóstolos, temos a narração da descida do Espírito Santo, como línguas de fogo, sobre os Apóstolos reunidos. O fogo é símbolo dos dons do Espírito, que é também a Nova Lei que orientará os discípulos a partir daquele momento. Assim que recebem o Espírito, os apóstolos começam a falar em línguas, ou seja, é restituída a comunhão universal que dividia os homens desde a construção da Torre de Babel. Essa narração do Gênesis é por sinal lida na missa de véspera desta solenidade. A comunhão é ainda expressa na multidão que se reúne e fica admirada por ouvir a mensagem evangélica na sua própria língua. Todos formam agora um só povo, ou uma só assembleia, que é o que significa eklesia, Igreja em grego. É este Espírito Santo que desceu sobre os apóstolos e desce sobre a igreja, a assembleia reunida, que conduziu os cristãos à missão, à evangelização ao longo da história. É este Espírito que nos impele hoje a dar um testemunho de fé e vida, que nos conduz e nos orienta, que nos dá os seus dons para que os utilizemos em prol dos irmãos.
Exatamente isso é o que vai desenvolver a segunda leitura, da carta aos Coríntios. São Paulo mostra-nos que é pela ação do Espírito que nos tornamos cristãos, discípulos, santos. Isso se nos colocarmos a serviço da Igreja e dos irmãos, cada um com o seu dom específico recebido do Espírito. Somos portanto, chamados a pôr os dons que temos a render, a servir, pois se nos deixarmos guiar pelo Espírito colheremos os seus frutos que são a caridade, a paz, a alegria, a bondade, a fidelidade etc. Paulo recorda-nos ainda que todos recebemos o mesmo batismo, todos somos igreja, membros do mesmo corpo, guiados pelo mesmo espírito. Aos olhos de Deus somos todos iguais, todos filhos amados, chamados à comunhão. Só com a união de todos se forma o corpo de Cristo e o templo do Espírito, por isso podemos dizer também que o Pentecostes marca o início da igreja e da sua missão.
No evangelho vemos isso com maior clareza. Ao enviar os discípulos Jesus deseja a paz e sopra sobre eles o Espírito Santo. O mesmo Espírito que animou Jesus é recebido pela comunidade dos discípulos e pelas nossas comunidades hoje, por isso devemos ser os continuadores da Sua missão, devemos ser os promotores da mesma paz e justiça que Jesus promoveu no mundo. O Espírito nos acompanha e guia nesta missão, pois está connosco, está em nós. Ao recebermos o Espírito tornamo-nos templos vivos e porque trazemos o Espírito em nós somos capazes de promover uma vida nova, construir uma sociedade nova, simbolicamente expressa no mandato de perdoar os pecados. Espalhar o perdão significa mudar a realidade, edificar uma nova realidade. Já não estamos mais fechados com medo. Após receber o Espírito, os discípulos enchem-se de coragem. O espírito vivifica, cura e move, e todos os que agem impulsionados pelo Espírito também são capazes de vivificar, curar e mover.
O Pentecostes é por isso um convite a renovarmos o nosso compromisso como Igreja, como evangelizadores, como missionários. Um convite a responder às necessidades do mundo de hoje a partir da fé e do Espírito que anima, perdoa e move.
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