A liturgia da palavra deste 5o domingo da Páscoa nos apresenta uma interessante reflexão sobre a nossa comunhão com Cristo e com a Igreja.
Na primeira leitura vemos como Paulo, convertido, procura os Apóstolos mas tem dificuldade em ser aceito. A aceitação não é imediata, pois todos conheciam o seu passado como perseguidor dos cristãos. Isso nos mostra que a conversão exige ações, obras, testemunho concreto. Não basta uma pessoa dizer que se converteu, é preciso que ela demonstre isso na sua vida. Aqui entra Barnabé, que viu a conversão concreta de Paulo e testemunha sobre as suas obras em Damasco.
Fé e vida. Conversão e ações concretas. Assim se reconhece e se aceita o verdadeiro cristão, quando há uma verdadeira e plena comunhão. A maior prova de conversão de Paulo é quando ele próprio começa a ser perseguido por causa do evangelho e do testemunho que dá de Cristo. Começa-se a escrever uma nova fase da vida de Paulo e da própria vida da Igreja cristã.
Na segunda leitura, João confirma o que dizíamos sobre a conversão de Paulo. João nos diz para não amar apenas com as palavras e a língua, mas sobretudo “com obras e em verdade”. Só este amor é completo e verdadeiro. Só este amor é digno de crédito e de reciprocidade. Só este amor cria comunhão. Só este amor representa Deus e nos conduz a Deus. Só este amor corresponde ao amor pedido por Cristo, como nos recorda João que na sua carta diz: “É este o mandamento de Deus: acreditar no nome do Seu Filho, Jesus Cristo, e amar-nos uns aos outros, como Ele nos amou”. Só quem assim ama permanece em Deus e Deus nele. Só quem assim ama permanece unido à verdadeira videira, que é Cristo, como nos diz São João no evangelho que meditamos neste domingo.
O próprio Jesus apresenta-se aos discípulos como a verdadeira videira. Uma imagem muito significativa e bela. Da videira provém não apenas um fruto, a uva; mas um símbolo da alegria, da festa, da união, da vida: o vinho. Do vinho brota tudo isso e muito mais, como veremos na última ceia. Ali teremos um ciclo completo e compreenderemos melhor as palavras de Jesus no evangelho deste domingo. Jesus é a verdadeira videira, por isso, o fruto da vinha será o seu sangue para os discípulos e para todos nós hoje que comungamos do sacrifício eucarístico.
Permanecer em Cristo, hoje, significa continuar ligado às suas raízes, comungando do seu sangue e corpo. Só podemos dar frutos se estivermos ligados à videira, ou seja, só podemos amar verdadeiramente se estamos em comunhão com a fonte do amor e da vida, Cristo, e o seu corpo místico que é a Igreja. Nós somos os ramos e só nos mantemos vivos e produtivos se estivermos ligados ao tronco e à raiz. Portanto, permaneçamos sempre em Cristo e com Cristo, a exemplo do Paulo convertido, dos apóstolos, dos santos e de todos os discípulos do passado e do presente.
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