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A mulher na Igreja


Neste mês do Rosário, e portanto de Nossa Senhora, o Papa nos convida a valorizar o rosto laico e feminino da Igreja. Exorta-nos a rezar pela missão dos leigos e de modo muito particular pela missão das mulheres: “rezemos para que, em virtude do batismo, os fiéis leigos, em especial as mulheres, participem mais nas instâncias de responsabilidade da Igreja”. 

A figura de Maria é sempre muito valorizada pelo Papa Francisco, e por consequência ele associa todas as mulheres ao papel específico da ternura e da fecundidade característico da Mãe de Jesus. A sua intenção de oração deste mês enfatiza o desejo de que cada mulher possa ser valorizada e incentivada cada vez mais a manifestar na sociedade e na Igreja a sua fecundidade e capacidades que geram bons frutos. Este anseio de ver a mulher “nas instâncias de responsabilidade da Igreja” é presente nos seus discursos e na sua prática desde o início do pontificado, prova disso é que a presença de mulheres em posições de liderança na Cúria Romano triplicou nos últimos dez anos, o que é um sinal muito positivo.

No Livro “Francisco, o Papa das mulheres”, publicado no mês de maio pela Paulus Editora na Itália, a jornalista e escritora Nina Fabrizio recolhe as palavras e os gestos mais significativos do Papa sobre as mulheres. Um Papa particularmente atento às mulheres e à sua importância na vida eclesial, descreve a autora. O livro aprofunda diversos temas e eventos fundamentais na valorização da mulher na Igreja, da questão do diaconato feminino (cuja comissão de estudo foi nomeada e acompanhada por Francisco) às diversas nomeações de mulheres para cargos significativos no Vaticano, nos conselhos pontifícios, comissões, mas também como diretoras (por exemplo Barbara Jatta como diretora dos Museus Vaticanos) e subsecretárias (por exemplo Francesca Di Giovanni na Secretaria de Estado, Carmen Ros Nortes na Congregação para os Institutos de Vida Consagrada, além de Gabriella Gambino e Linda Ghisoni no Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida), algo totalmente inédito.

Já na sua primeira exortação apostólica, a Evangelii gaudium (EG), que se tornou programa de pontificado, Francisco manifestava a preocupação pela valorização da mulher. Assim se expressava: “A Igreja reconhece a indispensável contribuição da mulher na sociedade, com uma sensibilidade, uma intuição e certas capacidades peculiares, que habitualmente são mais próprias das mulheres que dos homens. Vejo, com prazer, como muitas mulheres partilham responsabilidades pastorais juntamente com os sacerdotes, contribuem para o acompanhamento de pessoas, famílias ou grupos e prestam novas contribuições para a reflexão teológica.” E insistia: “Mas ainda é preciso ampliar os espaços para uma presença feminina mais incisiva na Igreja. (...) As reivindicações dos legítimos direitos das mulheres, a partir da firme convicção de que homens e mulheres têm a mesma dignidade, colocam à Igreja questões profundas que a desafiam e não se podem iludir superficialmente” (cf. EG nn. 103-104).

Na recente exortação apostólica Querida Amazônia (QA) o Papa voltou a ressaltar “a força e o dom das mulheres”. Grande conhecedor da realidade latino-americana, Francisco reconhece que “na Amazônia, há comunidades que se mantiveram e transmitiram a fé durante longo tempo, mesmo decênios, sem que algum sacerdote passasse por lá. Isto foi possível graças à presença de mulheres fortes e generosas, que batizaram, catequizaram, ensinaram a rezar, foram missionárias, certamente chamadas e impelidas pelo Espírito Santo. Durante séculos, as mulheres mantiveram a Igreja de pé nesses lugares com admirável dedicação e fé ardente.” Sem entrar na polêmica do sacerdócio feminino – que segundo o Papa seria um reducionismo e uma simples clericalização da mulher e não um reconhecimento de fato –, Francisco continua, afirmando que “numa Igreja sinodal, as mulheres, que de fato realizam um papel central nas comunidades amazônicas, deveriam poder ter acesso a funções e inclusive serviços eclesiais que não requeiram a Ordem sacra e permitam expressar melhor o seu lugar próprio” (cf. QA 99-103).

Logo no início deste ano 2020, no dia 1º de janeiro, Dia mundial da Paz e Solenidade da Mãe de Deus, durante a sua homilia, o Papa recordou ainda que as mulheres são as “mediadoras da paz” e denunciou a agressão sofrida por muitas mulheres na sociedade atual. Destacou a centralidade da mulher na sociedade, a partir do exemplo de Maria: “Começamos o ano sob o signo de Nossa Senhora, mulher que teceu a humanidade de Deus. Se quisermos tecer de humanidade a trama dos nossos dias, devemos recomeçar da mulher.” 

Pouco tempo depois, no dia mundial da mulher, 8 de março, voltou a enfatizar que “a mulher é a harmonia, é a poesia, é a beleza. Sem ela, o mundo não seria assim tão belo. Não seria harmônico.” Palavras profundas, que nos exortam a uma atenta reflexão. Como o próprio Francisco ressaltou certa vez: “gosto de pensar que a Igreja não é 'o' Igreja, é 'a' Igreja. A Igreja é mulher, é mãe. Isto é belo!” Tenhamos isso tudo muito presente ao longo deste mês, rezando e meditando sobre o papel e a importância da mulher na vida familiar, social e sobretudo eclesial.

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