A Bíblia é um grande
tesouro. Uma das maiores riquezas que a Igreja possui. Não é um simples livro,
mas uma dimensão do próprio Cristo, expressão concreta do Seu Evangelho, da Sua
Palavra. É uma palavra viva, em contínua ação. Exatamente por isso afirmamos,
como está bem expresso na exortação apostólica Verbum domini, que o Cristianismo não é uma religião do livro, mas
é a religião da Palavra, do Verbo encarnado e vivente.
Abrir a Bíblia e percorrer
os seus maravilhosos caminhos é para aquele que crê como atravessar pela porta
que conduz ao mistério de Deus: das páginas do Antigo Testamento às do Novo
Testamento descobrimos a identidade dos crentes e o local da manifestação de
Deus. Cada vez que lemos a Bíblia, estamos dando forma e atualização ao anúncio
de Cristo, por isso ela é central na nossa vida de fé.
Tradicionalmente o mês de
Setembro é dedicado à Palavra de Deus. Neste ano, entretanto, o mês da Bíblia
se reveste de um caráter particular, pois o Papa Francisco, na sua carta
apostólica Misericordia et misera, no
final do Jubileu da Misericórdia, pediu à Igreja que valorize sempre mais a
Palavra de Deus. Mais especificamente, no número 7 desse documento, o Papa
sugere que: “Seria
conveniente que cada comunidade pudesse, num domingo do Ano Litúrgico, renovar
o compromisso em prol da difusão, conhecimento e aprofundamento da Sagrada
Escritura: um domingo dedicado inteiramente à Palavra de Deus, para compreender
a riqueza inesgotável que provém daquele diálogo constante de Deus com o seu
povo. Não há de faltar a criatividade para enriquecer o momento com iniciativas
que estimulem os crentes a ser instrumentos vivos de transmissão da Palavra.
Entre tais iniciativas, conta-se certamente uma difusão mais ampla da lectio divina, para que,
através da leitura orante do texto sagrado, a vida espiritual encontre apoio e
crescimento.”
A Sociedade de São Paulo,
juntamente com a Família Paulina e outros movimentos da Igreja, assumirá o
último domingo do mês como Dia da Palavra. Os paulinos de fato sentem como um
dever missionário e carismático valorizar a Palavra de Deus e difundir ao
máximo possível a Bíblia. A história dos paulinos e especialmente do nosso Fundador,
o beato Tiago Alberione, é fortemente marcada pela promoção do Evangelho. Já no
ano 1907, o recém ordenado Pe. Alberione organizou três Domingos da Bíblia,
sendo um dos precursores nesta forma catequética e pastoral de exposição da
Palavra de Deus.
Em 1924, quando a Família Paulina
dava os seus primeiros passos, Pe. Alberione deu início a uma Sociedade Bíblica
Católica, “para que o Evangelho possa ter uma difusão sempre maior”,
justificou. Esta iniciativa foi vista com certa hesitação pela Igreja, pois até
aquele momento eram populares somente as sociedades bíblicas protestantes. Com
o tempo, porém, esta Sociedade Bíblica se impôs, sendo aprovada com um breve
pontifício do Papa João XXIII, em março de 1960. Hoje está presente em diversos
países com o nome de SOBICAIN. Neste mesmo ano de 1960 o beato Alberione
promoveu um “ano bíblico” a nível internacional, com a distribuição de
1.000.000 de exemplares da Bíblia e outros 1.300.000 de Evangelhos.
O Concílio Vaticano II, com
a constituição Dei Verbum, expressou claramente o
grande papel e importância da Palavra de Deus na vida da Igreja. A exortação
apostólica Verbum Domini, de Bento
XVI, reforçou e aprofundou esta centralidade da Palavra, especialmente a sua
relação com a Liturgia e a Eucaristia. Papa Francisco, na continuidade desta
tradição, pede que esta centralidade e valorização da Palavra seja concreta na
vida de fé da comunidade cristã, local privilegiado de encontro com o Verbo
encarnado. Por isso, todos nós devemos contribuir, como “povo enviado a
proclamar o Evangelho”, no êxito desta jornada da Palavra, difundindo a ideia
de um domingo da Bíblia, participando ativamente naquilo que for possível, ou
promovendo iniciativas tais como a lectio divina, a leitura da Sagrada Escritura,
a meditação do Evangelho do dia, etc. Cada um de nós pode
contribuir muito, pessoal e comunitariamente, para tornar a Palavra de Deus
mais presente e atuante na vida das pessoas e da sociedade.
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