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Palavras vivas



Os cristãos, por aproximação e imitação de Cristo, a “pedra viva”, tornam-se “pedras vivas” na construção do edifício espiritual, diz-nos Pedro na sua carta (1Pd 2,4-5). Esta mesma analogia pode ser aplicada às muitas histórias e parábolas que ao longo dos séculos procuraram retransmitir a profundidade e beleza da Palavra Viva presente na Bíblia. A Palavra de Deus é uma fonte inesgotável, um verdadeiro tesouro, e exatamente por isso ela transcende-se; e o seu conteúdo assume diversas outras formas, sem nunca deixar de ser Palavra viva e eficaz.
Vemos assim surgir inumeráveis “palavras vivas”, em diferentes línguas, escritas por diferentes autores e em diferentes estilos, em muitos períodos da história. São na verdade tentativas de adaptar a mensagem bíblica a diferentes realidades, contextos e públicos. O evangelho transforma-se em matéria-prima que dá origem a muitas outras formas de comunicação, a muitos livros, parábolas, fábulas, romances, novelas, e-books…
Muitos podem se perguntar qual a necessidade de dar novas formas ao texto bíblico. De fato, não haveria tal necessidade, uma vez que a Bíblia é a própria revelação de Deus, expressa a profundidade do amor de Deus pelo ser humano e o seu desejo de caminhar ao lado da humanidade, conduzindo-a pelo caminho reto e seguro. Mas por ser uma fonte inesgotável, um tesouro, viva e eficaz, a Palavra de Deus não pode ser limitada, comprimida, aprisionada em um texto, em simples palavras humanas. Está aberta a novas formas, permite-se novas expressões. Por isso ao longo da história humana o conteúdo e os valores inerentes a esta Palavra de Deus foram sendo expressos de outras formas, especialmente por parábolas e histórias infantis.
O próprio Jesus falava por meio de parábolas, utilizou muitas vezes esta figura de estilo, estas narrações figurativas que evocam outras realidades, por meio de comparação geralmente extraídas da vida cotidiana. Usava tais imagens para aproximar a sua mensagem da realidade dos ouvintes e assim fazê-los compreender e sentir mais fortemente aquela mensagem. Cada vez que lemos um conto, uma parábola ou uma fábula, um mundo de imagens, ideias e reflexões aflora em nossa mente. Estes textos curtos, mas de profundidade incrível, suscitam uma série de questionamentos e meditações que deve ser explorada. São géneros literários muito ricos e pedagógicos, pois transmitem grandes ensinamentos de forma simples, tranquila, descomprometida. Penetram com subtileza na mente e no coração, plantando ideias e valores, estimulando a convivência e os relacionamentos, promovendo o bom humor e a formação humana, criticando nossas más ações e convidando-nos à transformação.

Hoje, as novas tecnologias permitem-nos criar muitas novas histórias: dinâmicas, belas, atrativas, envolventes. A Palavra de Deus tem assim um poderoso auxílio para transmitir os seus valores. Principalmente os escritores infantis têm explorado muito bem estas ferramentas, contribuindo para levar a mensagem evangélica a esta nova geração de nativos virtuais. Estas tentativas de adaptar a Palavra de Deus, ou retransmitir os seus valores sob uma nova forma, são sempre louváveis e por isso devem ser incentivadas e promovidas. Toda a literatura inspirada na Palavra de Deus torna-se palavra viva e auxilia na evangelização, por isso é também um tesouro, luz para o nosso caminho.

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