Mary
Poppins é um clássico e um exemplo do poder e importância das
histórias e fábulas para a criação do imaginário infantil (e não só). Muitos de
nós certamente já se encantaram com os livros de P.L. Travers, escritos na
década de 1930, ou com o belíssimo filme de 1964 que deu rosto (e voz) à excêntrica
ama inglesa. A nova produção da Disney, Ao
encontro de Mr. Banks, faz-nos recordar de Mary Poppins e da família Banks;
e convida-nos a ir além, descobrindo um pouco da vida que está por trás da
fantasia. Faz-nos entrar num círculo criativo e belo da vida que inspira
livros, livros que inspiram filmes, e filmes que inspiram atitudes.
Diria que é um filme “mágico”, pois expressa com perfeição a
magia que envolve a arte do cinema e da literatura. Faz-nos compreender como a
arte espelha a vida e como é possível imortalizar um fragmento da história
através da beleza da expressão artística. É “mágico” porque revela a capacidade
que a arte tem de tocar as pessoas, de expressar sentimentos, de transformar o
ser humano, as relações afetivas e a própria realidade.
Mas é também um filme pedagógico, pois mostra a luta do
artista contra a indústria cultural, a resistência da escritora P.L. Travers em
ver a sua produção virar uma superprodução de Hollywood. Mostra a relação de
amor do criador com a sua criação, da autora com a sua obra, que no fundo é
parte de si.
E é pedagógico porque o centro de toda esta história é o
amor familiar, a relação devocional da filha com o pai. Uma história de
esperança e superação que leva a filha a perdoar e superexaltar o pai que,
apesar de estar perdido por causa do vício do álcool, mostra um amor
incondicional às filhas e à família. No fim percebemos como de facto é a
família e a vida, cheias de dificuldades e inundadas por diversos sentimentos, por
vezes contraditórios, que inspiram a arte e conduzem a história.
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