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Celebrar a Encarnação


Mais um Natal se aproxima. Para muitos, apenas uma festa de fim de ano. Para nós, cristãos, é muito mais. O Natal é uma grande solenidade, que nos recorda a Encarnação do Verbo, um dos momentos fundamentais na história da salvação. É a confirmação de que Deus é o nosso Pai e nos ama. É o momento em que a divindade assume a natureza humana a fim de inundá-la da Sua graça.
Exatamente porque este é um momento especial, a nossa preparação para o receber e recordar deve ser especial. Desde os primeiros séculos do Cristianismo este tempo é vivido de forma privilegiada, sendo chamado de Advento, uma derivação da palavra latina Adventus, que por sua vez deriva do grego Parusia. Advento significa literalmente presença, ou chegada. É a celebração da presença de Deus no mundo, ou a chegada do Filho de Deus feito homem. Advento não significa “espera”, como muitos pensam. Não é apenas um tempo de expectativa, mas sobretudo tempo de alegria e confiança, é o reconhecimento de que Deus está presente no mundo, está presente em nós e na nossa vida quotidiana, que não nos abandona em momento algum.
Este tempo litúrgico concentra uma série de significado e simbologia, mas pretende sobretudo mostrar que a encarnação de Deus e que o nascimento de Cristo na nossa vida é contínuo e sempre atual. Recorda-nos principalmente que a presença de Deus no mundo já começou, e que Ele está sempre presente de uma maneira oculta; e em segundo lugar, que essa presença de Deus ainda não é plena, mas está em processo de crescimento e amadurecimento. A sua presença já começou, mas nós cristãos, por Sua vontade, devemos torná-lo presente no mundo através do nosso testemunho. É por meio de nossa fé, esperança e amor que Ele quer fazer brilhar a Sua luz continuamente no mundo obscurecido pelas trevas.
Entretanto só é possível transmitir ao mundo a luz de Deus se nós próprio a possuirmos, se tivermos feito a experiência do encontro com Cristo. Só é possível ensinar aos outros se antes tivermos compreendido e assumido a riqueza da fé. Especialmente nestes momentos fortes do ano litúrgico como o Advento vemos o quanto é importante estarmos enraizados na fé para poder dar bom testemunho do Evangelho na sociedade onde vivemos.
Não podemos falar do que não conhecemos. Não podemos viver o que não experimentamos. Para de facto fazer a experiência da encarnação do verbo (Natal), devemos nos preparar adequadamente. Ao longo destas quatro semanas do Advento somos convidados a olhar mais atentamente para nós próprios e aprofundar o nosso lado místico-espiritual. Somos convidados a despertar, colocando-nos de pé, à disposição, e ir ao encontro de Cristo que nos reserva uma importante missão: continuar a ser no mundo a luz que brilha na noite de Natal e que aquece a noite fria de inverno. E nesta preparação é essencial a oração, a meditação da Palavra de Deus e a participação na Eucaristia, comungando do Corpo de Cristo, sinal concreto da presença constante de Jesus Encarnado e vivo entre nós.
Mais do que uma festa, o Natal é uma oportunidade para aprofundarmos a nossa fé e nos aproximarmos ainda mais de Deus que veio até nós, fez-se carne, nascendo na pequena cidade de Belém. É uma oportunidade de vivermos mais intensamente os Sacramentos, sinais visíveis da graça de Deus. É uma oportunidade de meditarmos a história da Salvação, de lermos e aprofundarmos os textos bíblicos que tanto nos iluminam e inspiram a cada dia. É uma oportunidade enfim de revivermos os valores cristãos que nos tornam seres humanos melhores e mais maduros, como a amizade, a fidelidade, a união familiar, a alegria etc.
O Natal é um dos poucos momentos do ano em que podemos reunir os amigos e os familiares. Não desperdicemos esta oportunidade. Ao contrário, façamos de tudo para vivê-la ao máximo com festa, alegria, partilha e oração.


Darlei Zanon, ssp

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